sexta-feira, 24 de abril de 2009

Ética

O deputado Fernando Gabeira também usou passagens aéreas de sua cota em benefício de parentes. Dado seu histórico de luta contra a corrupção, já tem gente dizendo que ética no Congresso é ficção científica.
Desesperos à parte, a escorregada de Gabeira traz uma boa notícia.
O deputado do PV tomou a iniciativa de ir a público declarar que também usara passagens indevidamente. Teve tempo, portanto, de montar um discurso. Mas não montou nenhum. Seu discurso foi o seguinte: errei.
Talvez o eleitor distraído não tenha se dado conta, mas isso não existe na política brasileira.
O presidente da Câmara, que também usou passagens para parentes, disse que as regras sobre isso não são claras.
O ministro da Igualdade Racial se defendeu dizendo que o Congresso não estaria em Brasília se parentes não pudessem usar as passagens.
Em outro episódio, o senador flagrado violando o painel de votação se defendeu assim: "Eu não matei, eu não roubei".
Até o grande Betinho, a quem o Brasil muito deve, diante da descoberta da doação de um bicheiro para a campanha da fome, explicou que seu instituto estava em grave crise financeira.
Para não falar do presidente da República, que após a revelação do uso de caixa dois pelo seu partido, disse que no Brasil todo mundo faz isso.
E por aí vai. Qual político brasileiro veio a público após um deslize, de cara limpa, dizer simplesmente que errou? Sem dourar pílula, sem relativizações, sem álibis?
Fernando Gabeira acaba de fazer isso. Admitiu que embarcou na velha ilusão que confunde público com privado. Não disse que isso é desculpável, nem que isso não é grave.
Cada um julgue-o como quiser. Mas duas coisas são certas: não há ser humano, por melhor que seja, imune ao erro; e na sua hora de errar, Gabeira deu uma aula de ética.
Fonte: Agencia do Senado

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